*Foto: Mari Chiba

Por Paulo Zildene
O TERCEIRO DIA DE DEPOIMENTO das reclusas, ontem [30], que vieram de diversos municípios paraenses –, para prestarem depoimentos na seccional da OAB-PA foi o limite para alguém do alto escalão do governo do estado do Pará decretar silêncio total nas apurações do último e conturbado depoimento em que Iara de Jesus, do município de São Miguel do Guamá, região norte do Pará disse tudo o que aconteceu na carceragem no período em que esteve presa.
O depoimento de Iara só foi acessado por este signatário e revelado com exclusividade para o ALLTV AMAZÔNIA [www.alltvamazonia.com.br], ao vivo, na edição de ontem [30]. E confirmado por Cibele Kuss –, da corregedoria de estado de segurança. Órgão independente. Kauss concedeu entrevista confirmando os fatos, antes de baixarem a lei do silêncio em volta do depoimento de Iara de Jesus.
“Na delegacia de São Miguel, uma presa com problema mental ficou uma noite toda com sete presos. Ela era violentada entre as grades. A única exigência era para eles usarem camisinha. Outro preso, menor de idade, foi espancado na cadeia por agentes carcerários e com o consentimento do delegado. Um homossexual foi violentado por diversas vezes pelos presos. Mas acho que ele já saiu de lá”, disse Iara de Jesus no depoimento aos membros da comissão.
Outro furo de reportagem da ALLTV AMAZÔNIA envolve o casal Lígia Cipriano, diretora do Centro de Reeducação Feminina, em Ananindeua, que é casada com o promotor de Justiça Luiz Márcio.
Um promotor de justiça confirmou que o colega Márcio repassa todos os depoimentos a diretora do CRF, que de imediato começa com a tortura psicológica.
Lígia esta de férias, mas só aparece na carceragem feminina depois que a imprensa e a comissão que apura os fatos deixam o local.
Segundo fontes do Ministério Público Estadual –, Iara de Jesus vai entrar no sistema de proteção a testemunhas, e deve sair do estado em breve.
'
Outro fato que provocou indignação na comissão foi na transferência das detentas da CRF até a sede da OAB no centro de Belém.
'
Segundo informações de um dos membros que apuram o caso, para chegar a sede da OAB o percurso levou quase duas horas, o que provocou certo desconforto na comissão e na detentas que ficaram por horas com calor e sede. A saída da carceragem em Ananindeua foi às 9h e a chegada às 11h.
A promotora de justiça, Eliana Castelo Branco não concedeu entrevista e disse que só se manifestará na conclusão final do relatório que esta sendo feito com a CNBB – Conferência dos Bispos do Brasil, Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Pará, Ouvidoria do Estado de Segurança Pública [órgão independente do estado] e a OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, secção Pará.
Todas as entidades estão sendo retalhadas pelo governo do estado. Segundo um promotor de justiça, a governadora não acredita que às denúncias tenham fundamentos. E chegou a desmentir as entrevistas concedidas pelas detentas. E por sinal, seis foram entrevistas pelo signatário.
A lei do silêncio só foi tomada devido o depoimento de Iara de Jesus, que chocou os membros da comissão que estão recolhendo depoimentos das 27 reclusas, que estão no CRF – Centro de Reeducação Feminina, em Ananindeua.
No dia [29] às reclusas, Luciana Tavares, 20, Maria Mendes de Sousa, 30 e Lucimara Sousa Silva, 37, disseram que foram maltratadas no CRF e que estão sendo ameaçadas caso continuem a divulgar para a imprensa a falta de água, comida, colchão e até absorventes, pois ela disse que utilizava papel higiênico para se limpar.
Acompanhe o áudio da entrevista com Cibele Kuss [Exclusivo] e com a reclusa Maria das Graças, de 25 anos.